A Humanidade de Jesus

A Humanidade de Jesus

fevereiro 13, 2022 0 Por Palavra em Prática

Você sabe a importância de entender sobre humanidade de Jesus? O evangelho de João empreende grande esforço para assegurar aos leitores de que Jesus não um mero homem que, como os demais mortais, passou pela mundo e deixou alguns exemplos bonitos de vida. Ele é Deus. E, como o propósito desse evangelho é dar notoriedade a essa fato, não somente aos judeus, mas a todos os povos da terra, João busca, na filosofia grega, tão difundida naqueles dias, um termo abrangente e forte, com qual possa descrever a divindade do filho de Deus: LOGOS:

No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. João 1:1.

Já o apóstolo Paulo apresenta-o como o Deus que se esvazia e vem aos homens:

Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus,
Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens;
E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz. Filipenses 2:6-8.

Pensamento geral

Para a cristandade em geral, é de grande significância o Logos divino revelado por João, embora nem mesmo ele explore tanto o termo, usando-o apenas duas vezes, sendo uma no início do evangelho (1.1) e em Apocalipse (1.2). Por que, então o “Verbo” ganha tanta importância assim? O que há de tão misterioso por trás dessa palavra? Qual é a sua origem e onde João se inspirou para que a usasse?




Curiosamente, João principia o seu Evangelho repetindo as primeiras palavras das Escrituras: “No princípio” (berishit bara elohin et has-sãmahyim we-et ha-ares Gn 1.1):

No princípio criou Deus o céu e a terra. Gênesis 1:1.

Não foi casual, pelo contrário, foi algo bem premeditado por parte do evangelista, já que pretende revelar Jesus como coparticipante da obra criadora:

Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. João 1:2,3.

A humanidade de Jesus na cultura helenista

Quem melhor pode ajudar-nos com informações a respeito do Logos nas culturas pré-cristãs é Oscar Cullman, na sua cristologia. Na filosofia grega, o título Logos foi empregado por Heráclito e pelos estoicos. O Logos aí é a lei suprema do mundo, que rege o universo e que, ao mesmo tempo, está presente na razão humana. Trate-se de uma abstração, e não de uma hipótese. A noção de Logos também foi conhecida pelos platonistas. Agostinho encantou-se ao ver que a terminologia Logos aparecia na literatura de Platão, mas depois entendeu tratar-se de outra analogia. Rudolf Bultmann, em sua pesquisa sobre o Logos, identificou-o na direção do pensamento gnóstico como ser mitológico intermediando a relação Deus-homem.

O uso do termo também há de ser encontrado em religiões do passado: o deus egípcio Thoth e o deus grego Hermes ostentavam esse título. Cullmann diz:

Essa interpretação facilitou a personificação do Logos, principalmente para o sentimento religioso popular.

Ele prossegue:

Assim, constataremos que o Evangelho de João não deduziu, da ampla difusão da ideia de Logos, uma revelação geral não necessariamente cristã; pelo contrário, submeteu cabalmente a concepção não cristã ou pré-cristã de Logos à suprema e única revelação de Deus em Jesus de Nazaré, dando-lhe, assim, forma inteiramente nova.

Implicações teológicas do Logos da cultura helenista

As implicações teológicas da humanidade do Logos são profundas e revelam a preexistência de Jesus. Como Logos, Ele é Deus eterno; como “carne”, Ele expressa, voluntariamente, Sua humanidade com Suas fragilidades. Não basta, para João, dizer que o Verbo se fez homem. Dizer que Ele se fez carne expressa melhor a substância existencial, a qual Ele experimentou. Foi nesse invólucro de “carne”, ou seja, na humanidade de Jesus, no qual o Verbo habitou, que a Sua Glória pôde também ser mostrada:

E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade. João 1:14.

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