As Marcas de Cristo

As Marcas de Cristo

abril 11, 2018 2 Por Genilson Alvez

As Marcas de Cristo!

Porque trago no meu corpo as marcas do Senhor Jesus. Gálatas 6.17.

A quais marcas o apóstolo Paulo está se referindo? Paulo passou por muitas coisas e realmente ficou marcado por várias delas, e essas marcas podem distingui-lo como escravo de Cristo. Mas essas marcas as quais ele se refere não são necessariamente marcas de ferida, ainda que ele também as trouxesse. Mas quais marcas ele está se referindo?

Era comum para Paulo fazer analogias com fatos da realidade em seu tempo (exército, jogos, campo). Podemos aqui ressaltar sobre três classes de pessoas que Paulo estaria se referindo e que demostra como deve ser o cristão.

Servo:

Existiam escravos chamados de escravos de orelha furada. Para entender melhor, temos que compreender que a escravidão para eles era diferente do que entendemos hoje como escravidão. Os escravos hebreus eram escravos para pagar suas dívidas através do trabalho.




Deus determinou no Êxodo que os escravos hebreus deveriam servir aos seus senhores por seis anos e no sétimo anos estaria livre, sem pagamento (Êxodo 21:2). Geralmente os hebreus eram escravos por dívidas ou pobreza  extrema, e alguns escravos, após os anos trabalhando, se apegavam tanto aos seus senhores que optavam por voluntariamente continuar sendo escravo daquele senhor até o fim de sua vida, sem voltar à liberdade. E como sinal de sua entrega, o escravo tinha a orelha furada e “então, o seu senhor o levará aos juízes, e o fará chegar à porta ou à ombreira, e o seu senhor lhe furará a orelha com uma sovela; e ele o servirá para sempre” (Êxodo 21:6).

Portanto, ser escravo de orelha furada simbolizava que você não estava servindo aquele senhor por uma obrigação, pois já poderia estar livre, mas porque já não quer servir a outro senhor. É uma junção de serviço e amor. Além do mais, é bom citar que os escravos hebreus não eram chamados de escravos, mas servos.

Servo no contexto gentio!

Já no contexto gentio, no tempo da escravatura, o “senhor”, dono ou patrão marcava os seus escravos com um ferrete incandescente, de maneira que a marca ficasse para sempre. Cada vez que um senhor comprava novos escravos, a sua primeira providência era pegar o ferrete em brasa e marcá-los com as iniciais do dono determinando assim o seu direito de propriedade. O que era um escravo? Alguém que possuía um dono. Um escravo não era alguém que possuía vontade própria, não era alguém que possuía direitos, era alguém cuja vida inteira pertencia a um dono.

Essa é a primeira marca que precisamos carregar conosco. A marca do escravo, daquele que foi comprado, daquele que não pertence a si mesmo (I Coríntios 7.22). Isso significa que no momento em que você foi comprado você passou a pertencer a um dono.

Passamos a ser propriedade exclusiva do nosso Deus (I Pedro 2.9). Paulo se via como um escravo de Cristo, e como todo escravo ele era marcado com ferro em brasa, porque marcas de queimaduras não saem nunca. No dia que você foi salvo, Deus marcou a sua vida com um ferro incandescente “Propriedade Exclusiva de Deus!” Aleluia! Isso significa que você não pode mais ter vontade própria. Você perdeu o direito de fazer o que você quer. Você não pode ir para onde quiser. Qualquer coisa que você queira fazer em sua vida você só poderá fazer em obediência a uma ordem divina.

Soldado:

O Segundo tipo de pessoa que tinha marcas em seu corpo era o soldado. Muitas vezes o soldado tinha o seu corpo marcado com as iniciais do seu comandante, como um gesto de lealdade, de que jamais iria traí-lo, que jamais se uniria ao exército inimigo. E isso as vezes lhe custava a vida. Porque quando um soldado desse era capturado, ele não podia negar a quem servia.

Todos sabiam a que comandante ele servia. Portanto a marca do soldado é também a marca do serviço. E esse é outro aspecto da vida cristã que está fora de moda em nossos dias, que é o serviço de Deus, fruto da obediência.
Nós fazemos parte da geração do entretenimento. A doutrina do nosso tempo é o prazer como bem supremo. E os cristãos estão embarcando nessa doutrina pós-modernista. Eles querem servir a Deus, desde que não gere incômodo,
desde que não gere sacrifício, desde que não gere nenhum tipo de desconforto. Onde fica o chamado de Jesus quando ele diz: “Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a cada dia a sua cruz e siga-me”.

Que naquele dia você compareça diante de Deus como o apóstolo Paulo, dizendo: Eu trago as marcas de Cristo. E por causa de Cristo eu trago as marcas de um soldado! Lucas 17.33.




Devoto:

O terceiro tipo de pessoa que recebia esse tipo de marca em seu corpo era o devoto de um deus. Aquele que se dispunha a adorar a um deus muitas vezes colocava a marca do seu deus em seu corpo. Isso era motivo de muitos sofrimentos. O sofrimento era causado porque aquela marca era um sinal de consagração.

Essa é uma dura verdade do evangelho de Cristo: Quanto mais consagrado ao Senhor você for, mas você irá sofrer por amor de Jesus. Por isso, o cristão genuíno, levará em seu corpo as marcas do sofrimento por causa de Cristo. Mas isso também é a graça de Deus na nossa vida! Senão veja o que diz o apóstolo Paulo: Filipenses 1.29. Mas hoje a gente oferece a Deus as sobras de tempo, de dinheiro e as vezes da própria vida, porque não há consagração.
Romanos 12.1. O que é o sacrifício vivo? É quando nós apresentamos o nosso corpo a Deus.

Quando nós sofremos no corpo por causa da nossa consagração. As vezes dormindo menos! As vezes abrindo mão do lazer! As vezes abdicando de direitos legítimos por amor ao Senhor e à sua obra. Que haja em seu corpo a marca da consagração ao Senhor! Toda pessoa consagrada terá algum tipo de sofrimento. Quem nunca foi perseguido em nada por amor de Cristo é porque não é consagrado.

O Devoto adora somente a Cristo!

Uma outra característica daquele que se consagra a Cristo, é adorar somente a Ele, é reconhecer que somente o Senhor é digno de glória, honra e louvor. A busca de Deus é por verdadeiros adoradores (Jo 4.23,24).

As marcas que carregamos, embora nem sempre sejam visíveis, devem fazer parte de nosso caráter, pois elas autenticam, de fato, a nossa fé. Fomos chamados por Deus para um propósito, e este propósito começa a se cumprir quando entendemos qual é a nossa identidade como cristãos, fica nítido á luz do texto sagrado que aqui abordamos, que devemos ser servos sempre prontos a tomar nossa cruz e seguir a Cristo nosso Senhor, soldados dispostos e preparados para todo bom combate com coragem e destreza e, por fim entendermos que somos adoradores e que jamais nos prostraremos diante de outro Deus a não ser Aquele que nos tirou das trevas para sua maravilhosa luz.

Ao que era, que é e que sempre há de ser. A Ele seja glória, majestade e domínio para toda a eternidade.

Leia também: A Onipresença de Deus [Atributos de Deus]
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Genilson Alves
Presbítero e líder de Missões na ADPEL- Vila Sul (Assembleia de Deus campo Pedro Ludovico);
Professor de EBD e do núcleo do Instituto Bíblico das Assembleias de Deus congregação Vila Sul- IBASP.
Graduando em Teologia pela faculdade Assembleiana do Brasil – FASSEB.