Por que Jesus é Chamado de Filho de Deus

Por que Jesus é Chamado de Filho de Deus

agosto 4, 2018 1 Por Wederson Marcos

Jesus é o Filho de Deus? Por que Jesus é chamado de Filho de Deus?

Por que Jesus é chamado Filho de Deus?

À luz do que se entende, naturalmente, filho é alguém que vem depois do pai; logo, teria Jesus nascido em um passado muito remoto, por isso, veio a ser Filho de Deus? Absolutamente não. O ato de ser chamado Filho de Deus não implica essa lógica humana, conforme conhecemos. Antes, é uma expressão que identifica Sua procedência divina e respectiva obediência a Deus, assim como também o ato de ser chamado de Filho do Homem reflete Sua natureza humana.

Oscar Cullmann traz grandes esclarecimentos sobre a filiação divina de Cristo. Segundo ele, tanto entre os judeus como os helenistas, o termo era corrente. Cabe-nos averiguar se a expressão Filho de Deus relaciona-se mais com a concepção judaica ou com a helênica, ressalvando-se o fato de que, certamente, tanto os cristãos primitivos quanto Ele próprio teriam dado à expressão um conteúdo novo.

Filho de Deus na concepção Judaica




De imediato, seremos obrigados a eliminar a possibilidade de Jesus aceitar ser chamado de Filho de Deus a partir da concepção judaica, visto que, para os judeus, essa expressão era usada para nação como um todo: (Ex 4.22; Is 1.2; 30.1; Jr 3.22; Os 11.1); além de ser usada para a nação, essa expressão também era utilizada para os reis: (2 Sm 7.14; Sl 2.6,7; 89.26); também era usada para os anjos (Gn 6.2), embora essa seja uma alusão mítica, ou seja, “filhos dos deuses”, logo, não é absolutamente confiável (Hb 1.5). Contudo, os anjos eram chamados filhos de Deus.

Filho de Deus na concepção de outras culturas, inclusive a Helenista

Nas religiões antigas orientais, acreditava-se que os reis eram gerados pelos deuses. Essa crença era comum no Egito, em que os reis eram filhos de Rá, o Deus do sol. Em Roma, onde os imperadores eram chamados de divi filius, ou seja, filho de deus. E provavelmente também em regiões como a Babilônia e Assíria. No helenismo, toda classe de pessoas que exercia algum tipo de “poder divino”, conhecido como taumaturgos, isso certamente incluía os mágicos, também podiam ser chamada de filho de Deus.

Desse modo, é também impossível associar a filiação divina de Jesus ao conceito helenista. Neste, era comum pessoas evocarem para si esse título de “Filho de Deus”.

Jesus Filho de Deus

O próprio Senhor Jesus raramente se autodenomina Filho de Deus, preferindo apresentar-se todo o tempo como Filho do Homem. Quem mais observa isso é João, ao narrar o diálogo de Jesus com Nicodemos (Jo 3.16-18). Ele relata o testemunho de João Batista quanto a Jesus ser o Filho de Deus (Jo 3.35,36). Quando Jesus foi acusado pelos judeus de realizar obras no sábado, Ele respondeu:




E Jesus lhes respondeu: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também. Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não só quebrantava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus. João 5:17,18
Uma vez revelado que Ele era o filho de Deus, prosseguiu falando abertamente da Sua filiação divina (Jo 5.20-23).
No dia em que a multidão para qual Ele multiplicara pães e peixes voltou, esperando ver a repetição do milagre, Jesus preferiu discursar em vez de realizar o milagre esperado. Em meio ao Seu discurso, disse:
Porquanto a vontade daquele que me enviou é esta: Que todo aquele que vê o Filho, e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. João 6:40

Houve ainda outras situação citadas por João em que Jesus se declarou Filho de Deus (Jo 8.36; 14.13; 17.1).

A revelação aberta do Filho de Deus

Tais situações foram excepcionais, e isso é perceptível quando se compara às muitas vezes em que Ele se autodenominou Filho do Homem. Em uma das vezes em que disse ser Filho de Deus, mostrou que a relação entre Pai e Filho guarda um segredo:

Todas as coisas me foram entregues por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar. Mateus 11:27.



A informação de que Jesus é o filho de Deus também vem de fora: é o Pai dizendo isso no Jordão e, depois, na transfiguração; ou a revelação do Pai a Pedro, quando disse a Jesus:
E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus. Mateus 16:16,17.
O diabo através dos endemoninhados também falou sobre a filiação de Jesus:
E os espíritos imundos vendo-o, prostravam-se diante dele, e clamavam, dizendo: Tu és o Filho de Deus. E ele os ameaçava muito, para que não o manifestassem. Marcos 3:11,12.
E, clamando com grande voz, disse: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? conjuro-te por Deus que não me atormentes. Marcos 5:7.
Isso perdurou até a sua morte.
A revelação aberta da Sua filiação divina prejudicaria o ministério de Jesus, atencipando a Sua morte. A igreja primitiva adotou, como parte da confissão, a iniciativa de chamar Jesus de Filho de Deus (1 Jo 2.23). João o apresenta como Filho de Deus (Jo 3.16). Em Hebreus, Jesus é identificado abertamente como o Filho de Deus (Hb 1.2,5,8; 3.6; 5.5,8; 7.28).

Judeus e Jesus

No judaísmo, fazia-se alguma relação entre o Messias e a realeza, podendo este ser chamado de “Filho de Deus”. A suspeita de que Jesus se autoproclamava Messias pesou na acusação contra Ele:
Mas ele calou-se, e nada respondeu. O sumo sacerdote lhe tornou a perguntar, e disse-lhe: És tu o Cristo, Filho do Deus Bendito? Marcos 14:61.
Embora os judeus não aceitassem Jesus como o Messias, Ele era.

Jesus é revelado como Filho de Deus

Na anunciação do Seu nascimento a Maria, o anjo Gabriel o revelou:
Este será grande, e será chamado filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; Lucas 1:32.
Em Cesareia de Filipe, reunido com os discípulos, por revelação divina, Pedro falou:
E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Mateus 16:16.

Jesus: Um Filho Obediente ao Pai

A razão porque Jesus é chamado filho de Deus não se prende a taumaturgia, ou seja, não era simplesmente pelo fato dEle realizar milagres. Logo, a razão está ligada à obediência demonstrada ao Pai. Esse é o princípio de ralacionamento entre pai e filho.
Cullmann diz:
Em resumo, podemos dizer que, para o Antigo Testamento e o judaísmo, o que caracteriza o Filho de Deus não é primordialmente a posse de uma força excepcional, nem uma relação de substância com Deus em virtude de haver sido divinamente gerado, mas, sim, o fato de ser eleito para realizar uma missão divina particular.: obedecer estritamente ao chamado de Deus.

Duas Ocasiões Especiais

Jesus foi chamado de Filho pelo próprio Deus, em duas ocasiões especiais: no batismo e na transfiguração. Em ambas as ocasiões, a fala divina foi testemunhada por pessoas que ouviram a voz de Deus:

Jesus é chamado de Filho no Batistmo

E aconteceu que, como todo o povo se batizava, sendo batizado também Jesus, orando ele, o céu se abriu; E o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea, como pomba; e ouviu-se uma voz do céu, que dizia: Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo. Lucas 3:21,22.



Jesus é tentado por Satanás

Imediatamente após o batismo, Jesus foi impelido ao deserto pelo Espírito para ser tentado por Satanás. Havia fortes razões para que Ele enfrentasse aquele momento em Sua vida. Sua descida à terra tinha implicações espirituais históricas que precisavam ser tratadas. Sende Ele o segundo Adão, tinha de enfrentar e vencer aquele que derrotara o primeiro Adão (1 Co 15.45-49).
No deserto, após passar 40 dias sem comer, a primeira frase, nos lábios de Satanás, houve a repetição da fala de Deus no Jordão:
E, chegando-se a ele o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães. Mateus 4:3.
Portanto, podemos parafrasear: “uma vez que tu és o Filho de Deus, podes dar uma demonstração de poder. Faça aqui um milagre”.
Contudo, nada impediria Jesus de fazer o milagre sugerido. Mas, ele não o fez.
Porém, podemos inferir também.: por que Ele faria?
Ele iria realizar um milagre apenas para provar ao diabo que Ele era de fato o Filho de Deus? Mas, disso, Satanás já tinha certeza.
Então, por que Satanás O provocou a isso? Porque queria assumir o controle da vida de Jesus, mas isso não aconteceu.
Segundo, Cullmann, Satanás queria impingir em Jesus uma concepção “helenística” de Filho de Deus, ou seja, insinuando a prática da taumaturgia.
Contudo, o mais importante no relacionamento Pai e Filho não estava em realizar grandes milagres, mas em obeder. Filho bom obedece ao pai (Hb 5.8).

Jesus é chamado de Filho na Transfiguração

A segunda vez em que Jesus foi chamado de Filho pelo próprio Deus foi na trasnfiguração. A narrativa de Lucas 9 é mais específica do que as narrativas de Mateus e Marcos, que falam sobre o motivo de Jesus ir ao monte acompanhado de Pedro, Tiago e João para orar: a Sua morte. Por isso, iremos citá-la.:
E, estando ele orando, transfigurou-se a aparência do seu rosto, e a sua roupa ficou branca e mui resplandecente.
E eis que estavam falando com ele dois homens, que eram Moisés e Elias, os quais apareceram com glória, e falavam da sua morte, a qual havia de cumprir-se em Jerusalém. Lucas 9:29-31.
Perceba que o ambiente era de glória. Pedro, que, como os demais, até então estava dormindo, ao ver a glória, sugeriu que fizessem uma tenda para cada um dos três: Jesus, Moisés e Elias. Mas, isso não aconteceu.
Quem não desejaria permanecer para sempre em um ambiente de glória celestial?
E, se Jesus quisesse voltar para o céu dali mesmo, o que o impediria? Contudo, ainda não era hora de glória, e sim de Cruz.

Obediência até o sacrifício

A obediência do Filho consistia, acima de tudo, em ir ao sacríficio, afinal, essa foi a razão da Sua vinda ao mundo (Fl 2.5-8).

Cullmann diz.:

A sequência do testemunho dos Sinóticos é clara: Jesus é o Filho de Deus, não como taumaturgo, mas como aquele que realiza Sau missão em obediência e, mais particularmente, como aquele que aceita o sofrimento”.

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